Personas são diferentes do público-alvo

Atualizado em: 26/07/2020

Com essa postagem gostaria de explicar melhor a diferença entre personas e público-alvo. Mostrando também como isso influência na acessibilidade.

Acho que essa diferença entre personas e público-alvo não é tão discutida assim. Quando falo da necessidade de características voltadas para acessibilidade nas personas e observo o quanto as pessoas ficam surpresas com isso. Daí entendo que elas estão se confundindo.

Definições

Personas são personagens fictícios criados com base em dados reais dos seus usuários, com pesquisas aprofundadas sobre as pessoas. Se você não faz pesquisas profundas, provavelmente você utiliza dados do mercado e hipóteses de como são seus usuários. Neste caso, você tem uma protopersona. Você pode evoluir sua protopersona para persona, sem problemas, mas é importante saber a diferença para identificar que dados são usados para tomar decisões.

Público-alvo é um segmento de mercado que você tem interesse de atingir ou para quem o seu produtos e ações de marketing são direcionadas.

Podemos resumir que você tem interesse de atingir determinadas pessoas com nível econômico, mas você não possui o controle de decidir quem serão as pessoas que usam o seu produto/serviço. Acho que é nessa parte que as pessoas se confundem.

A estatística do Brasil e do Mundo

De acordo com os dados do IBGE 2010, 23,9% ( aproximadamente 45,6 milhões de pessoas) declararam ter algum tipo de deficiência.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, as principais causas de cegueira no Brasil são: catarata, glaucoma, retinopatia diabética, cegueira infantil e degeneração macular.

Segundo IBGE das 18,6% das pessoas que declaram ter algum nível de deficiência visual, apenas 1,6% cegas. O restante apresenta baixa visão ou visão subnormal (grande e permanente dificuldade de enxergar);

Segundo dados do World Report on Disability 2010 e do Vision 2020, a cada 5 segundos, 1 pessoa se torna cega no mundo. Além disso, do total de casos de cegueira, 90% ocorrem nos países emergentes e subdesenvolvidos. Estima-se que, até 2020, o número de pessoas com deficiência visual poderá dobrar no mundo.

Sobre daltonismo, estima-se que 8% dos homens e 0,5% das mulheres do mundo tenham daltonismo.

Estatística e mundo real

Se as empresas realmente utilizassem dados reais para criar as protopersonas, baseado nas probabilidades, provavelmente teríamos um personagem com alguma das características citadas acima.

Se estatisticamente existe essa possibilidade, por que não observamos essas características aparecendo nos personagens criados pelas empresas?

Porque as personas são criadas pensando em quem gostaríamos que usassem o produto/serviço. Não observando/pesquisando quem serão de verdade essas pessoas.

Por isso o risco das protopersonas durarem tanto tempo dentro das empresas. Normalmente as protopersonas são o que a diretoria quer alcançar como público-alvo e não qual é a expectativa mais realística das pessoas que vão utilizar seu produto ou serviço.

Porque eu estou afirmando isso?

Um amigo, com deficiência visual, uma vez questionou um programador de uma corretora de finanças sobre o motivo do site e aplicação deles não ter acessibilidade, para que ele pudesse investir. O programador disse “Mas cego tem dinheiro pra investir?”

Além de ser uma afirmação capacitista, indica que ninguém da empresa estava pensando nas possibilidades de um público que não é observado por ninguém, mas são clientes fiés. Se as pessoas pensassem em quem realmente são ou podem ser seus usuarios, com certeza pessoas com necessidades específicas de acessibilidade seriam consideradas.

Concluindo, as empresas/diretorias/pessoas precisam prestar mais atenção nos seus objetivo, para não perderem áreas interessantes de trabalho em volta do alvo principal.

Referências

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